Escrita Tribal

sábado, agosto 13, 2005

Um conselho sábio

Perguntaram-me se hoje não ia sair.
Respondi que não era "hoje", que já era normal não sair.

Perguntaram-me porquê, e respondi que no geral o meio e as pessoas que costumam sair pelos vistos não apreciam muito a minha companhia.

Perguntaram-me porquê, respondi que seria incompatibilidade com os hábitos de vida deles talvez, que talvez fosse simplesmente devido a ser como sou, a pensar como penso e a ter feito as escolhas que fiz na vida. Talvez seja um símbolo de determinadas coisas que as pessoas preferem não encarar.

Perguntaram-me se não me estaria eu a excluir a mim mesmo.
Respondi que várias vezes saí com muita e variada gente, mas que aos poucos essas pessoas deixaram de me convidar para sair com eles, que dada altura não me incluíram mais na sua vida social.

A pessoa que até já conheço há muito tempo respondeu:
-Oh Paulo... há muitas pessoas que não te compreendem... e o teu ponto de vista sobre diversas coisas assustam um pouco. entendes? Tu tens um modo de pensar e de ver o mundo que muito pouca gente tem.

Respondi:
-Se me disserem que não me querem por perto para não terem de suportar o peso na consciência, isso já percebo. Não que os vá criticar, mas sei que sou um símbolo de coisas que não serão muito compatíveis com muitos dos hábitos nocturnos de muita gente.

E continuámos:
- És um símbolo muito raro dessas coisas.

- Mas nunca foi a minha intenção criticar as pessoas. Apresento outros pontos de vista e argumento e justifico-os, tendo em atenção, obviamente, os objectivos de cada um. As minhas escolhas têm um propósito.

- Mas se calhar por vezes as coisas que tu dizes e a maneira como as dizes, as pessoas sentem-se atingidas...

- Claro... mas a culpa não é minha.

- E talvez cheguem mesmo a ver-te como uma pessoa que assusta. Nem é bem isso. Nem sei o que é. É a tua personalidade. Tu falas as coisas com muita certeza do que dizes...

- E então?

- .... e às vezes isso pode dar a entender que estás a querer impingir a tua forma de pensar na pessoa...

- Eu tenho argumentos, não tenho certezas. Olha, se as pessoas enfiam o carapuço é lá com elas.

- Sim... e os teus argumentos são demasiado fortes para serem contra-argumentados porque tu os defendes muito bem.

- Sabes como começam as conversas comigo? Perguntam-me sempre alguma coisa, porque é que sou vegetariano ou algo assim, e eu tenho obviamente de me justificar. Durante essa justificação, toco nalguns pontos sensíveis das pessoas mas atenção, não fui eu que coloquei os pontos sensíveis, elas é que os têm e provavelmente deixam esses pontos quietos, evitam tocar neles, para não terem de lidar com algumas coisas que não querem ver ou enfrentar.

Mas mais uma vez, a culpa não é minha. Eu respondo com as coisas que penso, devido ás escolhas que fiz e com um propósito pessoal. Isso devia ser à partida suficiente para as pessoas compreenderem que... é pessoal. Elas não têm de fazer nada do que eu faço a não ser é claro, que tenham objectivos comuns. Mas pronto, se se sentem atingidas, as minhas desculpas, mas então não me perguntem coisas com as quais se possam comprometer.

As fragilidades nelas, foram elas que as fizeram.

- Então tenta não atingir essas fragilidades delas. Aceita-as como são. Tu decerto também terás as tuas próprias fragilidades, todos as temos.

- Mas olha lá...

- Olho...

- Eu não tento atingir ninguém, eu não digo nada para atingir ninguém, nem eu posso saber onde é que as pessoas têm as suas fragilidades. Qualquer coisa que possa dizer pode ferir alguma susceptibilidade.

- Mas ás vezes podes não ter noção disso... do poder que as tuas próprias palavras exercem sobre algumas pessoas.

- Pronto... mas o que vou fazer?

- Tu és assim mesmo não é... Tens uma personalidade muito forte.

- ... ou me recuso a responder ás perguntas que elas fazem... o que depois me é levado a mal... já aconteceu fazerem-me perguntas, e eu dizer que prefiro não responder...

- Não.. recusar não... mas ás vezes podes simplesmente dizer as coisas de uma forma mais simples e então aí dizeres... ”se queres saber mais vai ler isto”.

- Se eu disser as coisas de modo mais simples, elas nunca vão obter uma resposta real...

- Eles que descubram por si próprios...

- Vão obter uma resposta para os despachar... também posso fazê-lo...

- É uma busca individual.

- Pois...

- Não foi o que tu próprio fizeste?

- Eu também ouvi muita gente. E sempre que alguém me disse alguma coisa que fazia sentido, eu adoptei essa perspectiva adicionei-a à minha. E sim, também li muita coisa, e pensei sobre muita coisa, e concluí muita coisa.

- Então se te voltarem a perguntar seja o que fôr, dá apenas uma resposta simples.

- Mando-os ir ler a profecia celestina, está certo, lol.

- Não aprofundes tanto.

- Lol. Vou confiar na tua sugestão.

- Resulta.

- Não era o que eu gostava que fizessem comigo. Não acho giro reter informação, mas ok... como elas depois vão bater mal com as respostas.

- Porque tu gostas de debater as coisas.

- Claro, debater coisas é uma forma de aprender coisas novas.

- Por isso é que te entusiasmas, e vais seguindo, seguindo, seguindo...

- Lol

- ... e aí é que se assustam mesmo.

- Lolol. Mas ainda não percebi com o que é que se assustam.

- Com a tua perspectiva...

- Eu não vou bater em ninguém. Mais mal se fazem eles a si mesmos e com isso já não se ralam.

- ... que está sempre bem definida e muito mais aprofundada, justificada... para ti mesmo.


E eu comentei:
- Pois, enfim - escolhas.

Ao que ela respondeu:
- Nem mais.

5 Comments:

  • Não sabia que tu tinhas essa personalidade forte Paulo.Eu sinceramente nunca me senti incomodado com o que vc diz...mas se calhar a pessoas com que vc convive...Pera lá mas isso n é criação??isso foi verdade ou tu criaste? Mas se for verdade ja sabes que eu n me incomodo.Ate curto.Depois tenho que te perguntar uma cenas pra vc me responder.lol abraços

    By Anonymous Anónimo, at 12:06 da manhã  

  • Diferente?
    Sim, és diferente.
    Incomodas?
    De certeza que incomodas muita gente.

    Sabes, acho que muitas das pessoas a quem feres as susceptibilidades deviam perder um pouco mais de tempo a conhecer-te... ou secalhar deviam aprender com isso. Devíamos tentar entender aquilo que nos incomoda, o porquê de nos incomodar, pensar um bocado sobre isso e tirar conclusões.
    Eu sou um bocado suspeita de falar porque gosto de ser incomodada, mas pronto... adiante, seja como for, por muitas pessoas que afastes acho que o mais importante é manteres-te fiel a ti mesmo, e com isto não estou a dizer para não mudares porque só os tolos é que não mudam, estou só a dizer que enquanto acreditares em ti nem tudo está perdido.
    Admiro a tua diferença é uma das coisas que me faz levar-te em consideração =P .
    Eu escolho levar-te a sério.
    Fica**

    By Blogger M., at 1:03 da manhã  

  • Perdoem-me a citação, mas é que é assim mesmo:

    Na vida, o nosso principal objectivo é o de sermos verdadeiros conosco próprios.

    Os meus melhores cumprimentos

    Francisco

    By Anonymous Anónimo, at 2:12 da tarde  

  • a profecia celestina sucka.
    :p

    By Blogger domakesaythink, at 7:21 da tarde  

  • Não precisa ser um gênio para perceber o quanto esse tal de Paulo é superficial e - CHATO.
    Ser inteligente, ter idéias diferentes da turba, ser irônico, ser desafiador não é motivo para ninguém ser isolado. O que isola as pessoas é chatice - o sujeito que é inconveniente o suficiente para falar de corda em casa de enforcado, alegando que está "sendo fiel aos fatos".

    isso não é personalidade não. é só burrice e falta de tato no trato com humanos. talvez um cachorro lhe suporte bem. mas só talvez. peça supervisão de alguém para que você não maltrate o animal, ou, se apaixone por ele.

    By Anonymous Anónimo, at 1:19 da tarde  

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