Escrita Tribal

sábado, maio 28, 2005

"O que não nos mata, faz-nos mais fortes"

Olho o lance de escadas e imagino-me a voar por cima deles. "Quantos metros serão? Talvez seja melhor nem pensar muito nisso, ou ainda me falta a coragem para saltar."

Olho de novo e penso: "Não vou morrer de certeza, mas já dá para me esfolar... da mesma forma como imagino a corrida, o salto e a aterragem ilesa, também imagino a dor da queda...é melhor nem pensar nisso"

Fecho os olhos antes de arrancar, inspiro e..."lá vou eu"...




De quê depende o sucesso? Da gravidade, da coragem? Da última coisa que se imagina no instante em que se aterra? Infantilidades! Que assunto mais infantil este...
Sejamos maturos: a dada altura, os saltos cessam. Deixa de ser necessário correr como se não houvesse amanhã para conseguir saltar mais alto ou mais longe. Não... a dada altura os riscos alteram-se, e quando não nos temos a provar a nós mesmos, tentamos provar que nos podemos safar com outros lançamentos. Outras loucuras sociais...

Disseram-me que uma única vez que se prove heroína, e estaremos viciados.
Já vi a morte residente nos olhos dos vivos, consumindo-os lentamente, como a uma sobremesa que se come gulosamente, como um sabor que se tenta prolongar o máximo possível.

Que belos, fascinantes, e deliciosos são todos os venenos da vida. E que força nos dão, esses vícios que nos fazem sentir vivos após o mundo natural, a vida saudável e desinteressante ter fracassado. Então se descobrem os verdadeiros "rebuçados" da vida, a beleza que é o mundo, quando podemos vivê-lo com a ajuda de um qualquer estupefaciente. Ahhh!!! Que bom é poder saborear um cigarro, calmamente neste belo mundo, tão mais belo agora, enquanto arruino o meu sistema respiratório. Isto sim... é viver... ainda bem que existem as drogas, para compensar todos os entediantes esquemas que me consomem. Viva o café que me desperta do tédio da manhã, o fiél café que me desenrasca depois de uma noitada "bem vivida" entre fumo e alcoól até horas tardias. Ahhh!!! Que boa a liberdade de fumar, esta liberdade que não me podem tirar. A sociedade nem é tão má assim... apesar da indiferença, irracionalidade, miséria, frustrações, mediocridade, de todos os esquemas em que eu "tenho" de viver para conseguir ter alguma coisa e ser alguém nesta vida.

Mas as drogas são maravilhosas... até vale a pena trabalhar um dia inteiro na pasmaceira, para desfrutar dos meus vários minutos diários de droga. Nem sei como há pessoas que não bebem um cafézinho, um copito, nem fumam um cigarrinho... ah... eu conseguia lá viver sem as minhas coisinhas. Só podem ser loucos, esses que não aproveitam o que a vida tem de bom, loucos...

Soube há pouco tempo que na minha família já morreram algumas pessoas de cancros vários devido ao tabaco, de cirroses e problemas de fígado devido ao alcoól, e de arteriosclerose e diabetes. Os filhos e irmãos dos mortos continuam os hábitos dos falecidos... será herança? Até aqueles cuja mãe lhes morreu nos braços devido ao vício, aqueles cujo tabaco envenenou fatalmente a esposa, ou aqueles cujos irmãos finaram bêbedos. Ahhh!!! Que bela é a vida... como é possível que as pessoas se matem? Loucos... E não é que já se mataram também!? Um enforcou-se e outro tomou 605 forte... e tudo isto apenas no espaço de três gerações e com relativa pouca pesquisa... se isto é o que se sabe, imagine-se o que não sei.

Bah... enfim.. todos morremos de qualquer forma um dia... e as melhores coisas da vida são as que nos fazem mal, e além disso, "o que não nos mata, faz-nos mais fortes"...

E agora a sério...

Será que essa força se verifica nos problemas intestinais e digestivos, nos problemas de vista, na destruição do olfacto e dos pulmões, nos prejuízos ao sistema reprodutor, nos atentados aos neurónios e ao sistema nervoso, no enfraquecimento dos ossos, nos dentes amarelados, talvez? Não!? Nas olheiras? Nos músculos flácidos e nas reservas adiposas? Hmmm... no sabor do beijo?
Quê!? Também têm "problemas" destes!? Hmmm...será porquê!?...


E agora menos a sério...

Um amigo meu que é míope permitiu-me perceber o seguinte - quando se é míope, ao longe todas as mulheres (apesar dos seus contornos esbatidos) são maravilhosos e atraentes... espantoso.

terça-feira, maio 17, 2005

"Não dá para explicar"!?

Originalmente como comentário ao post "Piercings... 1 kestão de ferros?" de "Heaven or Hell??"

Bem...(a meu ver, claro) há duas maneiras de agir (talvez três): ou controlamos o nosso corpo (através da nossa mente e da compreensão dos fenómenos que vivemos), ou somos controlados por ele (através dos impulsos, reacções, hábitos e influências sociais e culturais). Cada um lá fará a sua opção de como se prefere colocar neste "tabuleiro de jogo" gigantesco que é a Terra e a existência humana.

Talvez até haja uma terceira opção, um meio-termo, um ponto de equilíbrio onde o senso comum assenta. Aquele sítio onde não somos nem "carne nem peixe", nem "maus nem bons", nem "pretos nem brancos". Poderíamos chamar a essa opção a neutralidade, espaço ocupado pela vida animal (excepto Homem). Ou quem sabe poderemos incluir o Homem na vida animal e dar-lhe a possibilidade de existir nas mesmas condições de todos os nossos outros amigos animados (teoricamente) irracionais. Mas os outros animais não se furam com adereços metálicos por motivos estéticos, nem se matam por "desporto", nem colocam em risco o seu habitat por razões económicas (etc, etc...).

"Ah!!! (podem agora pensar) mas o ser humano é um ser racional e é diferente dos outros animais"..."e o ser humano é o único que tem consciência da sua individualidade, que tem noção de si mesmo, da sua personalidade"..."é a espécie dominante do planeta e isso demonstra a sua superioridade sobre todas as outras espécies".

Também acho que sim, e que de facto o ser humano é um ser sem comparação neste planeta e que bem revela o seu tremendo potencial. Porém, com toda a sua superioridade, racionalidade e potencial, parece-me ser a única espécie que compromete intencionalmente a sua saúde com substâncias prejudiciais ou atitudes de risco à sua integridade - aos poucos de cada vez (será isso uma forma de equilíbrio!?), sem encurtar drasticamente a sua longevidade e ainda assim conseguir "aproveitar" a vida com umas "mocas e pazadas".

Há quem me tenha dito que "todas as coisas boas do mundo são as que fazem mal". Hmmm... o mundo é grande, e há muitas coisas, muitas possibilidades, variadas ocupações, imensas opções, e obviamente que não vou engolir essa de que tudo o que me dê prazer tenha necessariamente de ser escolhido entre as opções que me sejam prejudiciais.

Bem, já divaguei imenso para além do tema central, mas isto tudo era devido à questão do controlo e da compreensão que temos do que nos impulsiona, e ás coisas que "não podemos explicar", apesar de toda a influência que possam ter sobre nós. Eu acho que todas as coisas que tenham importância suficiente em nós que nos levem a agir de determinada forma, e especificamente neste caso a fazer algo que nos pode até trazer problemas médicos, merecem o esforço de compreensão...é que...

...isto de agir por impulso aos poucos e poucos, corremos o sério risco de um dia acordar e darmos por nós com uma vida repleta de coisas que nos controlam sem que tenhamos percebido em que altura é que saímos do "meio-termo" e caímos num estado de vivência adormecida...e então de repente somos adultos e lá estamos a contribuir passiva ou activamente para a nossa sociedade auto-destrutiva, capitalista e possivelmente (dependendo do ponto de vista) desiquilibrada.

Mais abraços

quarta-feira, maio 11, 2005

O Caminho da Felicidade

"Não há caminho para a felicidade, a felicidade é o caminho"
Isto disse-o Mahatma Gandhi, e mesmo tendo noção de que cada pessoa o vai interpretar de uma forma diferente, em mim esta frase tocou num ponto importante.

Alguma vez na vossa vida se aperceberam de que os dias se tornaram iguais? É claro que iguais mesmo nunca são, mas iguais o suficiente para não se lembrarem das diferenças, ou iguais o suficiente para que as diferenças sejam coisas para vós irrelevantes. Estar vivo pode ser algo precioso, especial. Cada pessoa faz o que quer da sua vida, é certo, e mesmo que muitas pessoas afirmem que nada podem fazer da sua vida porque têm responsabilidades e obrigações, então pensem que se não a mudarem vocês, quem a mudará? Se esperam que a vida mude por si mesma, observem em vosso redor, e seja qual for o país em que se encontram, a sociedade que vos cerca é o que vos será oferececido.

Acredito que para muita gente imaginar-se socialmente adaptado possa não ser de todo desagradável, ou possa até ser o sonho da sua vida. Não escrevo para essas pessoas. Se estas palavras vos confundirem, se não iluminarem de alguma forma espaços no vosso ser que estavam escurecidos, então talvez não devam continuar a ler, e em vez de lerem as palavras deste blog, voltem à vossa rotina diária e aos vossos hábitos que tão dificilmente devem ter conquistado. Escrevo para quem acredita que a felicidade pode ser algo diferente do que vivem actualmente. Escrevo para quem sente dentro de si que algo pode ser mudado (para melhor), para quem acha que a Humanidade poderia estabelecer novos rumos e abandonar algumas práticas, para quem acha que este estranho equilíbrio planetário entre super-potências e países do terceiro mundo poderia ser amenizado, e para quem sente que a apatia não é a melhor maneira de lidar com situações adversas.

Escrevo para quem se fartou de ficar à espera que o mundo mude. Para quem gostaria que os sonhos fossem algo mais real do que sonhos, para quem acredita que concretizar sonhos é possível, e para quem está disposto a colaborar na mudança do mundo mudando-se a si mesmo.

Se os vossos dias se tornaram tão iguais que na semana passada não aconteceu nada relevante o suficiente para ser escrito num pedaço de papel, ou se em cada dia não aconteceu pelo menos uma coisa especial que os façam recordar-se dele para o resto da vida, então é bem possível que tenham desperdiçado essa semana e/ou esses dias.

A vossa vida não é especial e não se sentem felizes? Então há um caminho. O primeiro passo é agora, neste mesmo dia. Agarrem no vosso dia, na vossa vida, e comecem o vosso dia de felicidade, sendo felizes. Vão fazer o que vos faz sorrir, vão fazer aquilo que faria deste dia um dia especialmente feliz, e se funcionar, amanhã façam o mesmo, e continuem até que a felicidade seja o caminho onde pisam diariamente.

Têm medo? De quê? Da serem felizes hoje? Se têm medo do que ser feliz possa trazer, então já estão a viver no medo da infelicidade. Não há caminho para a infelicidade, a infelicidade está a ser o vosso caminho. Se não querem "viver felizes para sempre", vivam felizes até amanhã, e quem sabe... pode ser que lhe tomem o gosto e passem a gostar mais da felicidade do que do medo. Não é para isso que estamos vivos? Para sermos felizes? Alguém acredita que nascemos para viver tristes, infelizes, confusos, apáticos?

A vossa vida é vossa, não é de mais ninguém.

segunda-feira, maio 09, 2005

Acreditar...

Quando não se acredita em nada, (ou se acredita em tudo) a vida é um mar de relatividades, onde nadamos frequentemente fora de pé. Acreditar em algo não implica inflexibilidade e fanatismo. Em cada pessoa pode existir um cientista ou um rato de laboratório. Acreditar não é partir de um preconceito e acreditar sem provas, mas dar tempo suficiente à crença para que se possa conhecê-la e estudá-la. Mas claro, para isso é necessário acreditar sinceramente na possibilidade da crença.

O laboratório é sempre o mesmo - o mundo. A experiência também - chama-se vida, e compreende-se num intervalo entre o que parece ser inexistência ou eternidade (ambas desafiam as noções de espaço-tempo portanto são semelhantes). A diferença entre o cientista e o rato é simples: o cientista controla a experiência, ou tenta pelo menos compreendê-la. O rato é a cobaia da vida, sofre as experiências geralmente sem perceber bem o que aconteceu, porque aconteceu, e se sobreviver continua a ser objecto da vida, sem tirar conclusões daí.

Fora da metáfora, os ratos e os cientistas são pessoas semelhantes... à primeira vista. Ambos podem aparentar-se calmos ou excêntricos, mas por razões diferentes. A diferença está na abordagem (da vida, claro):

No universo dos calmos, existem as que parecem calmas mas cuja mente fervilha de palavras, observam tudo com um olhar curioso, astuto, procuram aprendizagens e fazem associações e teorias de tudo. A qualquer momento a experiência pode tomar um rumo diferente e ensinar algo de novo, e mesmo quando se vai de A a D, pode-se fazer um desvio por B ou C, ou quem sabe ir além do D. Tentam aprender com tudo, para se munirem do máximo de conhecimentos possível que lhes possam ser úteis (ou seja, todos). Não são sociais (por falta de necessidade), mantêm-se focados nas suas observações e teorias, mas podem-se encontrar com outros para ocasionais trocas de informação. Não mudam de atitude conforme o dia ou a noite.

Há os calmos, de olhar vago e vazio, no chão ou no horizonte, que caminham de A a B, não observam nada de especial, ou se calha observarem pouca relevância pessoal terá, evitam pensar para não se distrairem (não vão perder-se antes de chegar ao B). O que lhes vai na mente é diverso, e nada terá a ver com o local onde se encontram ou com a experiência que estão a "sofrer", porque eles estão em todo o lado menos onde estão. As suas mentes estão reservadas para os sonhos diurnos, que normalmente lá ficam, porque passam a vida a caminhar de A para B. Frequentemente se encontram a caminhar de A' para B' julgando que se trata de C para D. Encontram-se frequentemente rodeados de outros semelhantes, movimentando-se em grupo para os mesmos destinos e fazendo companhia uns aos outros. Podem manifestar comportamentos opostos de dia e de noite.

Entre os excêntricos há os verdadeiramente loucos, que vivem intencionalmente a experiência da loucura, tentando recolher o máximo de informações e vivências possível. Não vão de A para B, mas podem estar no L e ir para K ou M, J, P, F, etc... Manifestam grande inteligência quando abrem a boca para algo mais que parvoíces, surpreendendo os demais. Não são muito sociais nem é do seu interesse ser porque assim podem manter a distância necessária ao seu estudo. Entretêm-se e estudam os outros, enquanto os outros julgam que estão a ser entretidos. Sabem que são loucos sem necessidade de exercer loucuras para se afirmarem como são, pois a loucura sai-lhes naturalmente. O que dizem não é geralmente levado a sério, pois "são loucos"... Não mudam de atitude conforme o dia ou a noite (mudam de atitude várias vezes durante o dia e várias vezes durante a noite).

Existem também os excêntricos que querem ser excêntricos porque nas suas loucuras sentem-se integrados com outros excêntricos semelhantes. Geralmente não concluem grande coisa das suas loucuras (nem era essa a sua intenção). Também não vão de A a B, mas vão de A a D enquanto isso os mantiver entretidos (regressando sempre ao A no final). Quando o percurso de A a D se tornar demasiado banal e deixar de ser "loucura", saltam para E e recomeçam uma repetição entre E e H (voltando ao E no final). Movimentam-se em grupo e juntam-se para executarem as suas loucuras, formando sub-grupos sociais de gente "diferente". Frequentemente dizem coisas inteligentes, características no seu grupo de excêntricos, fascinando e atraindo os próximos e ganhando credibilidade, mas ocasionalmente manifestando estranhas "falhas" nas seus afirmações, podendo causar desconfiança temporária. Não mudam realmente de atitude conforme o dia ou a noite (apesar de ocasionalmente poderem dar essa impressão).

Nota: Verifica-se que um cientista calmo pode mutar para um cientista excêntrico (e vice-versa), durante períodos relativamente longos de tempo. Da mesma forma os ratos podem efectuar mutações de calmos grupais para excêntricos grupais, chegando-se a verificar essa mutação e re-mutação no espaço de uma semana ou até num mesmo dia.

domingo, maio 08, 2005

"Assanhadas"

Post original em "Heaven or Hell??"


Hoje não tenho nenhuma história bonita para contar, portanto alerto os leitores para a possibilidade de não terminarem o texto mais sorridentes que no início.



Aqui há uns tempos ouvia-se falar de romantismo e de amor eterno. Era uma coisa tão linda...
Imaginem: havia reis maus, vilões do far-west, e outros bandidos do género, mas eram sempre poucos, e para eles havia sempre à altura um enviado herói representante do amor e da justiça (da lei também, quando a lei era feita por reis e governantes justos).

Os bons ganhavam sempre, ficavam com a princesa ou com a menina mais querida, bonita e simpática da cidade, com um castelo e as riquezas e recompensas pelos seus actos heróicos, ou partiam em direcção ao por do sol no seu cavalo branco, enfim... viviam felizes para sempre.

E os homens dos filmes (a preto e branco) cantavam, eram charmosos e vestiam-se bem, ofereciam o casaco às pequenas na noite fria, falavam eloquentemente em prosa ou poesia, e faziam tantas outras coisas românticas.

As pobres mulheres dessa altura pareciam ser uns anjos...aliás, não era por acaso que a dada altura os anjos eram representados como mulheres aladas. Toda a mulher cujo comportamento fosse marginal, era sem dúvida responsabilidade de algum brutamontes sem coração, barrigudo e estúpido que abusou tanto da moça que ela, pobrezita, acabou por se desviar do "caminho da luz e da pureza".
E as coitadas que apenas queriam um homem sincero que as amásse.

Lembro-me também que a partir de certa altura os bons da fita já não tinham apenas uma mulher, e as mulheres por seu lado começavam a demonstrar alguns comportamentos que só se viam antes nos homens.

As mulheres tornavam-se sedutoras, fumadoras, agressivas, descontroladas e impulsivas. E os homens foram perdendo o romantismo. Já ninguém morria por amor. Podia-se arriscar a vida pela "boazona" da fita, e era certo que o herói a salvava ou era ela que morria colocando-se em frente à bala. No fim o herói acabava com uma qualquer boazona que levava para a cama, acabando o filme com um beijo (mas já sem o feliz para sempre). Foi a "Era do 007".

O romantismo já era um mito de outros tempos. Iniciava-se a "Idade do Engate". Agora o "vencedor" era quem dava a tanga mais estilosa, o tipo corajoso com ar misterioso que nunca se revelava, mas atrás dos óculos escuros podia esconder qualquer realidade. A intimidade era coisa de velhos, dos casalinhos de avôzinhos queridos que nas suas faces cheias de rugas irradiavam o sereno sorriso da matura felicidade e de toda a vida ao lado do seu amor.

Indústria, evolução, grandes cidades, muita gente, cada vez mais gente, cada vez mais, e mais distantes. As mulheres lutam pelo poder, pelo direito de serem livres como o eram os homens.
Emancipação da mulher para um lado, igualdade de direitos para o outro, e as mulheres aos poucos ganharam o direito de serem "homens", ou melhor... foram ganhando o direito serem tudo aquilo que era criticado nos homens. As tolinhas que acreditavam no amor dos filmes, eram apenas as campónias antiquadas, que sonhavam em ir para a cidade, conhecer um "principe" e viver feliz para sempre.

Agora as mulheres da cidade já não eram assim. As mulheres da cidade eram modernas e dinâmicas. Agora as mulheres já tinham o direito de dizer palavrões como os homens, dizer ao homem idiota "queres jantar então faz tu!", de trair o marido com o vizinho musculado, o polícia que lhe tinha perdoado uma multa e com quem tinha estabelecido uma relação secreta, ou o melhor amigo do homem com quem foi trocando olhares naquelas noites em que os homens se juntavam lá em casa para jogarem poker.

As mulheres tinham ganho os mesmos direitos dos homens numa altura em que "bons homens" já eram poucos.

E agora, já não há homens como antigamente, nem mulheres como antigamente. Os principes morreram, foram-se embora com as princesas ou então desistiram da carreira quando foram traídos pelo pirata do reino, e agora as mulheres eram seduzidas pelo objectos, pelo carro do homem, pelo físico musculado de quem passa metade do dia no ginásio ou ingere esteroides para inchar (o que revela a mente profunda de quem consome drogas para trabalhar a sua aparência), ou ainda pelo poder e dinheiro do homem, e pelas oportunidades profissionais que dormir com ele podiam trazer.

Os homens destes dias? Broncos, pobres idiotas e falhados. Os românticos estavam todos mortos ou tinham-se tornado poetas ou artistas alimentados pela inspiração das drogas. Charmosos, só os que participavam em filmes com papéis de personagens de histórias antigas.
Homens inteligentes? Só os enfezados do clube de ciências, de quem só as míudas (marronas) menos populares se aproximam.

O calor do amor substituído pela paixão e pelo fascinio de engatar alguém completamente desconhecido numa noite dos bares ou na discoteca, onde a música alta, a falta de iluminação, drogas e alcool alimentavam todos os pensamentos menos o de encontrar ali o "amor da nossa vida".

É a "Era do Fast-Food, Fast-Cars, Fast-Love". Tudo é rápido e tão superficial como...tudo. A vida tornou-se uma corrida à adrenalina, não há limites, nem físicos nem mentais. A racionalidade morreu, agora é altura dos sentidos tomarem conta do jogo. Há que aproveitar a vida, e o amor é coisa de velhos.

Oh...os principes e as princesas morreram... não há tempo para se amar ninguém - o amor morreu por falta de manutenção - morreu de fome como um cão esquecido.

E os anjos? Os anjos não nos salvam?

Os anjos já não encontram corações puros, porque os humanos aprenderam a fugir aos corações com estimulantes, calmantes, esteroides, sexo e carne. O mundo tornou-se tão grande e cheio de coisas, e o ser humano tentou engolir tanto e tão depressa, que o coração ficou soterrado. Agora, da mesma forma como a Mãe Terra ficou envenenada com poluentes, seus rios sujos e seu ar pestilento, o ser humano encheu-se de químicos, sujou todos os seus fluidos corporais, e respira o ar e bebe o ar que ele próprio empestou.

Os corações? Esses fugiram com os principes ou decidiram hibernar, esconderem-se num bloco de gelo para não serem quebrados, porque se ninguém o fizer, o seu próprio dono tratará do assunto. Fugiram e agora quem os quiser encontrar só talvez na madrugada de Sábado para Domingo, quando a loucura da noitada foi forte o suficiente para matar a insanidade de mente, e o coração consegue respirar num sonho.

...

Os principes passaram de moda...
As serenatas desapareceram...
Os artistas enamorados morreram de fome porque o amor não rendia...

E os anjos?
Os anjos morreram, envenenados em oceanos de poluição enquanto tentavam chegar aos corações afundados.

Abraços

"Piercings...1 kestao de ferros?"

Post original em "Heaven or Hell??"

Não se aconselha a leitura deste comentário a pessoas influenciaveis, adolescentes com personalidades fortes e marcadas, ou jovens em fase de formação da personalidade. Aos que tiverem opinião formada e fixada sobre o assunto, poupem-se à leitura, pois é uma perda de tempo. A todos os curiosos que quiserem continuar, não me responsabilizem pelo despertar de algum neurónio esquecido, ou pelo contrário, falecimento dos neurónios funcionais. Foram avisados...


Vou começar por comentar o conceito de sexy e de beleza. Quem estudou história de arte ou passou de raspão sobre alguma pintura renascentista (por exemplo), já deve ter reparado que o ideal de belo da altura eram mulheres com mais curvas e "saliências". Aposto que um homem desse tempo observaria um mulher com corpo de Barbie (usei a Barbie pois é a boneca que serve de exemplo de "perfeição física" ao ser humano contemporâneo) e pensaria que a pobre mocinha seria de famílias muito pobres e não tinha muita comida da mesa. Da mesma forma, um homem de olhos azuis e cabelo louro é considerado atraente nos países mediterrânicos, enquanto um homem de olhos e cabelos escuros será "cobiçado" pelas mulheres num país nórdico. Atrevo-me a dizer que o conceito de belo, atraente e portanto sexy, é uma coisa muito relativa, que resulta não de uma opinião formada pessoalmente, mas de uma influência mundial, continental e/ou cultural. Ainda noutras palavras, dependendo do sítio onde vivemos, somos habituados a entender determinadas características como belas. Isto a meu ver tira consideravelmente o valor real do conceito de beleza, e aliás, como se costuma dizer "o ponto mais erógeno do corpo é o cérebro". Agarrando agora na questão dos piercings e outros acessórios, achos sensato ter a noção de que o que é belo hoje amanhã pode não o ser. Quanto aos riscos implícitos numa perfuração (sejam piercings, tatuagens ou outras cirurgias), acho sensato ponderar sobre as possibilidades de infecções, contágios, nalguns casos até gangrenas que obrigam a que sejam retirados cirurgicamente os tecidos mortos.

Ora bem, respondendo portanto à pergunta sobre qual o melhor sítio para fazer um piercing - não é. Eu prefiro a beleza interior (aquela que irradia pelos olhos, e que não necessita de enfeites, e que não muda consoante o país e a década), à beleza da moda, que escraviza as pessoas com cultos do corpo e da superficialidade.

Nota: Os piercings, tatuagens e acções semelhantes provêm de rituais tribais de maturidade, hábitos culturais de algumas tribos que incluiam a modificação dos ossos (como o alongamento dos pescoços ou ovalização do crâneo), ou até de práticas "religiosas" (não ocidentais) de controlo do corpo através da dor. Já vamos no ano 2005 D.C., e ainda somos estimulados por argolas, astes e esferas de metal... Quem tiver curiosidade dê uma olhada a um livro de Psicologia e procure Reflexologia, de Pavlov.

Abraços



Despedidas

Adeus gente deste mundo.
Tenho vindo a descobrir que aos poucos deixei de existir. Não sei se poderei chamar-lhe de morte... ou algo mais semelhante a erosão. Foi isso mesmo... Fui vítima da erosão garanto-vos!!!

Venho-vos doar palavras sem ídolos, apesar de dizerem que uma imagem vale mil palavras e de ser mais fácil seguir ídolos do que palavras. Eu não quero que ninguém me siga, mas sofro de um mal: valorizo a vida (com todo o respeito pela morte, sobre a qual espero manifestar-me mais adiante), e assim faz-me alguma confusão imaginar que a morte possa ser o fim de tudo e que as minhas construções nestes anos de vida apagar-se-ão à medida que o coração parar de bombear sangue para o cérebro.

Este é portanto o meu legado à humanidade. Deixo-vos tudo, menos à minha vida que levo comigo.

A culpa é do Ensino

Há pouco lembrei-me da minha infância. Porquê? Porque li uma vez que se nos queriamos conhecer a nós mesmos, tinhamos de compreender de que forma o nosso Passado deu origem a quem somos hoje. De início também pensei que já era difícil o suficiente lembrar-me do que havia jantado ontem, mas achei que não havia nada a perder. Acontecia-me muito isto no Passado: pensar que qualquer direcção é melhor que não ir a lado nenhum, que não há nada a perder em tentar, pois mesmo o "fracasso" torna-se aprendizarem e deixa de ser fracasso. Adiante, com a prática comecei realmente a lembrar-me de muita coisa no meu Passado, e deixei de agir impulsivamente sem saber porquê, passando a agir impulsivamente sabendo exactamente porquê (ou julgando que o sabia).

Ah! Mas já estou a entrar novamente por outros assuntos. Já me disseram que eu faço muito isto (que estou a fazer agora mesmo), que para explicar ou contar uma coisa dou voltas e voltas e nunca mais chego ao "fim da história". Geralmente quando alguém faz uma pergunta, espera que lhe respondam, não que lhe contem a história de como chegámos à resposta e do que achamos da pergunta. Lembro-me da minha mãe me contar histórias do emprego e perder-se em tantos pormenores (e muito tempo perdia ela a tentar lembrar-se dos pormenores), que eventualmente eu lhe dizia "esquece esquece, não interessa, conta lá então o que se passou!"

Mas lembrava-me eu da minha infância:
Recordo-me da minha vida preenchida de criança, brincar, ver televisão, as aulas de desporto (foram vários), e a escola. Nesses tempos, o pouco que me podia chatear era chegar tarde demais a casa e perder um episódio de um qualquer programa, ou não achar facilmente uma peça de Lego (tm) que tinha a certeza estaria escondida em frente aos meus olhos. Tinha grandes notas na escola, não me lembro se era muito sociável ou não, mas não tinha conflictos com ninguém apesar de não me lembrar de brincar muito fora de casa. Namorar nessa altura era coisa que me passava completamente ao lado. Achava algumas meninas mais bonitas que outras, mas não compreendia o propósito dos namoricos e achava essas brincadeiras infantis.

A minha mente dá então um salto temporal, e lembro-me de uma aula do 10º ano talvez, de estar farto de passar os meus dias enfiado naquela escola de dois andares fria, branco-sujo e velha. O equipamento escolar era feio (mesmo o que era novo), as mesas eram de um claro verde-menta enjoativo, e nesses tempos o pouco divertimento que eu encontrava dentro de uma sala de aula era quando achava um diálogo escrito na parede ou cravado na madeira das cadeiras (rígidas e pouco confortáveis), entre dois desconhecidos de duas aulas diferentes de tempos diferentes, que se correspondiam quando regressavam aquele mesmo lugar onde estava eu agora, e encontravam a resposta insultuosa um do outro. Nunca achei da minha conta interferir nas suas "conversas" privadas, pensando que hoje talvez o fizésse... nah... de facto não era da minha conta e não tinha nada para lhes dizer que não acabásse por se tornar objecto de algum adjectivo menos simpático à minha mãe.

Pois era (pois foi), a escola aborreceu-me e tentou matar-me de tédio até eu descobrir que a vida não fazia sentido. Só pode ter sido a escola, porque os programas de televisão continuavam a ser interessantes, continuava a praticar algum desporto, e continuava a aumentar a minha colecção de Lego (tm).
Ah! Já me esquecia da tal aula do 10º ano... nessa aula eu analisei o percurso e objectivos de um comum cidadão, e saiu algo do tipo:

nascer, crescer e estudar para arranjar emprego e casar, e conseguir ter dinheiro para pagar as contas e poder ter um filho que repita o processo.

Ainda hoje a minha colega de carteira se recorda deste meu enlace mental, revelando o trauma que lhe provoquei. Achava-a tão simpática. Era pouco social, mas isso era devido a ser sincera e admitir as suas ideias publicamente. De qualquer maneira nós davamo-nos bem, e ela dizia que me "compreendia", e para eu não me preocupar com os meus colegas porque eles eram uns parvos para toda a gente que fosse "diferente". Admirei-me com ela e pensei - "diferente!?". Ela era diferente, vestia roupas largas e coisas com folhos e rendados que pareciam ter pertencido à mãe, e eu achava-a engraçada, apesar de não perceber porque vestia aquelas coisas em vez de roupa mais actual. Parecia-me zangada com alguém ela, mas tinha uns olhos lindos azul água.

Pois foi...lembro-me tão bem...

...mas o mundo nessa altura não fazia sentido, e a culpa foi do Ensino. Os senhores do governo podiam tê-lo feito mais divertido, para evitar que os jovens sentissem necessidade de encontrar a razão de ser das coisas.